quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O ENTRETENIMENTO E SUAS REGRAS



Sheikh Aminuddin Muhammad, aos 26 de Dezembro de 2012

Estamos em plena época de férias, sendo geralmente por estas alturas que quase todos os homens, mulheres, jovens e velhos, procuram entretenimento e formas de passarem o seu tempo.
Deus criou no Ser Humano instintos, bem como várias necessidades que têm que ser cumpridos para permitir que se prossiga com a marcha da vida de uma forma correcta e equilibrada, e instituiu também um código para que o Homem possa realizar esse seu desejo de forma correcta, em conformidade com o seu instinto e natureza.
Deus, sendo o Criador, conhece bem o instinto da sua criatura. De facto, a religião com o seu sistema, olha para o seu adepto como sendo sério na sua vida, e esforçado  naquilo que lhe é benéfico. Mas também, Deus criou no instinto humano momentos em que este se farta e se cansa da sua vida rotineira. É próprio do Homem o gosto pela variação, pelas coisas novas e diferentes, pois ele farta-se de ficar sempre num mesmo estado. Se se mantiver sempre no mesmo estado, tal criará nele o cansaço, a fraqueza, o desinteresse e a apatia.
Mas por outro lado, se continuar permanentemente na folgança e na brincadeira, tal criará nele preguiça e indolência.
Isto aplica-se em todas as actividades, até mesmo na adoração a Deus.
Sendo esta a natureza humana, é necessário que haja momentos de descanso em que o Homem pratique algo que seja uma ajuda e renovação para continuar a sua actividade, eliminando assim o cansaço do corpo e o desânimo do espírito.
Portanto, o entretenimento é, na realidade, uma provisão para o Homem completar a sua marcha, e realizar os seus objectivos com firmeza e da melhor forma.
E na realidade, ser religioso é saber equilibrar as necessidades do corpo e do espírito, satisfazendo-as de maneira a que não haja conflito entre os dois, pois o Ser Humano, sendo um conjunto de corpo e alma, tem que saber satisfazer as necessidades corporais e espirituais, e não inclinar-se inteiramente só para uma das componentes.
Quem se dedica apenas a satisfazer as necessidades e prazeres carnais deixando as necessidades espirituais, incorre num erro. E quem se dedicar apenas à satisfação das necessidades espirituais ficando permanentemente na adoração, deixando as necessidades carnais como comer, beber, casar, etc., também incorre num erro.
Hoje em dia, o avanço tecnológico favoreceu o desenvolvimento de vários meios de entretenimento, o que ocupa muito tempo dos seus utentes. E muitas vezes, esses meios são utilizados por gente errada para distrair, destruir e desviar os nossos jovens, de ambos os sexos, promovendo a imoralidade, a pouca vergonha, estragando assim a sua conduta nobre, em nome do entretenimento.
Por isso é necessário que conheçamos as regras que o Isslam estipulou, para sabermos distinguir entre o bom e o mau entretenimento, entre o lícito e o ilícito.

Eis algumas regras para a escolha do entretenimento:
1 – Os entretenimentos não devem ser ilícitos portanto, proibidos sob o ponto de vista religioso;
2 – Não devem ser daqueles que desviam o crente das suas obrigações religiosas, ou que o levam à prática do ilícito (harám), ou para o esbanjamento e gastos desnecessários;
3 – Não devem ser daqueles em que se goza, se zomba, se calunia e se ri dos outros;
4 – Não devem ser daqueles em que se promove a nudez, o consumo de bebidas alcoólicas e de drogas, em que se misturam de forma libertina homens e mulheres;
5 – Nos entretenimentos, deve-se conservar o meio ambiente, pois isto constitui direito de todos. Não deve haver poluição sonora, pois isso atenta contra o direito dos outros ao descanso;
6 – O entretenimento não deve consumir a maior parte do tempo de que a pessoa dispõe, ao ponto de não conseguir atender a outras obrigações, pois o tempo é muito valioso. Aliás, tempo é vida. Por isso o Profeta Muhammad, (S.A.W.) disse: “Os pés do Ser Humano não se mexerão no Dia da Ressurreição, enquanto ele não responder acerca de quatro coisas: 1) A sua vida, onde a passou; 2) A sua juventude, onde a passou; 3) A sua riqueza, como a ganhou e onde a gastou; e 4) E o seu conhecimento, onde o aplicou”; (At-Tirmizi)
7 – Deve-se procurar entretenimentos que proporcionem algum benefício pessoal, conhecimento, benefícios sociais, mentais, corporais, culturais, científicos, etc.

Todos nós, seja quem for, vamos viver neste Mundo o tempo de vida que Deus nos destinou, pois esgotado esse tempo, sempre acabaremos por morrer.
Contudo, há gente que morre, e o seu nome desaparece para sempre como se nunca tivesse existido, embora tivesse tido riquezas, diplomas, cargos, poder, etc. Mas por outro lado, há gente que morre, o seu corpo desintegra-se na terra, mas o seu nome continua vivo, os seus feitos transitam de geração para geração, causando orgulho nos ainda vivos.
Por isso o Profeta encorajou cada um de nós a deixar obras para a posteridade, algo que seja valoroso perante as pessoas, e que beneficiem o seu autor depois da sua morte continuando a beneficia-lo até ao dia em que ele se encontrar com o seu Senhor.
O Profeta Muhammad (S.A.W.) disse: “Quando o Ser Humano morre, cessam todas as suas acções, excepto em três casos: 1) Se tiver deixado uma caridade contínua; 2) Se tiver transmitido alguma sabedoria da qual as pessoas se beneficiem; e 3) Se tiver deixado algum filho piedoso que ore a seu favor. (Musslim)
Hoje, ilustres personalidades deixaram o mundo dos vivos, mas os seus nomes continuam vivos porque durante a sua vida, de alguma forma contribuíram para o engrandecimento das sociedades em que viveram, deixando assim, algo benéfico para as gerações que lhes sucederam.
A única coisa que quanto mais cresce mais diminui (decresce) é a vida. Mais um ano do calendário gregoriano das nossas vidas chegou ao fim, o que significa menos um ano.
Vamos aproveitar o que resta das nossas vidas e não nos perdermos em coisas fúteis.